Dia Internacional da Mulher é destacado como data para avaliações, reflexões e ações pela igualdade.
Rosângela Ribeiro Gil
Assessoria de Imprensa
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Cristina Camacho
Arte e imagens
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Em 2023, na celebração do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, as mulheres reafirmam a luta por um mundo livre de estereótipos, violência e com oportunidades sem discriminação no trabalho e na vida social, e em defesa do planeta.
A população do Brasil, conforme a PNAD Contínua de 2021 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é composta por 51,1% de mulheres. No mercado de trabalho, o País precisa avançar em pautas que tenham como objetivo a valorização das mulheres. Atualmente, o Brasil ocupa a 78ª posição no ranking sobre igualdade de gênero, segundo o Índice de Gênero dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2022.
“O Índice de Gênero dos ODS 2022 soa um alarme sobre a igualdade de gênero não só no Brasil: o progresso no mundo todo tem sido lento nos últimos cinco anos. No ritmo atual, o prazo de 2030 para alcançar a igualdade de gênero não será cumprido.”
(Plan Internacional)
Dentro deste cenário, segundo Flávio Legieri, CEO e Cofundador da Intelligenza IT, maior consultoria nacional de tecnologia SAP para RH, “uma das principais iniciativas que as empresas precisam adotar para transformar o cenário do mercado atual é investir em ações inclusivas, com projetos voltados para a manutenção e garantia de um ambiente de trabalho diverso e responsável”.
Cláudia Marquesani, fundadora da Women On the Way, consultoria que auxilia mulheres da tecnologia a evoluírem suas carreiras, observa que é importante as organizações trabalharem em iniciativas internas, a fim de entender qual sua responsabilidade no contexto social em que está inserida e identificar como pode contribuir para apoiar e estimular o sucesso feminino no mercado.
Entre os principais desafios impostos às mulheres que buscam sua ascensão profissional, Marquesani relaciona: “A falta de presença feminina em alguns segmentos como a tecnologia, por exemplo, é algo que pode afetar as futuras gerações em termos de representatividade.” A diferença salarial e o preconceito quanto à maternidade também são tópicos sensíveis e que precisam ser trabalhados e solucionados pelas organizações, aponta a especialista.
“Os modelos sociais existentes ainda reforçam desigualdades de gênero e atrapalham o pleno desenvolvimento das meninas. Dentro de casa, elas ainda realizam o dobro de trabalhos domésticos que os meninos (67,2% das meninas contra 31,9% dos meninos), o que valida a tese de que as meninas são precocemente responsabilizadas pelo cuidado com o lar e com as pessoas.” (Plan Internacional)
Para ela, neste momento especial dedicado às mulheres, as empresas devem entender a importância de atuar de forma mais inclusiva, oferecendo mais oportunidades de emprego, valorização da presença delas em cargos de liderança, programas de treinamento, desenvolvimento de apoio e ações que promovam a igualdade de gênero e a diversidade nos postos de trabalho.
Inclusão digital
As observações de Claúdia Marquesani vão ao encontro do tema adotado, em 2023, pela ONU Mulheres, o da inclusão de mulheres e meninas na educação digital, como meio de reduzir as desigualdades econômicas e sociais.
Incorporar a perspectiva de gênero na inovação, tecnologia e educação digital de forma transformadora ajudaria mulheres e meninas a se tornarem mais conscientes de seus direitos e fortalecer o exercício delas, além do seu ativismo. Os avanços na tecnologia digital oferecem novas possibilidades para solucionar os desafios humanitários e de desenvolvimento e para realizar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da Agenda 2030, como o Objetivo 5 (confira quadro abaixo, nesta matéria).
“A violência está presente no cotidiano das mulheres brasileiras. Desde o assédio moral e sexual até o feminicídio, diferentes dimensões da violência marcam a experiência da vida de mulheres de todas as idades no País. O problema é tão grave, que recentes conquistas legais, como a Lei do Feminicídio, de 2015, reconhecem a especificidade desta violência.” (Fórum Brasileiro de Segurança Pública)
Infelizmente, as oportunidades abertas pela revolução digital também representam o risco de perpetuar a atual dinâmica de desigualdade de gênero. As crescentes desigualdades são cada vez mais evidentes no contexto das competências digitais e do acesso às tecnologias, uma divisão digital que deixa as mulheres para trás. Portanto, o desenvolvimento da educação digital e inclusiva e da tecnologia transformadora é um requisito fundamental para um futuro sustentável.
Falas das trabalhadoras da Datalink
A seguir, algumas funcionárias da Datalink falam sobre a importância do Dia Internacional da Mulher. Apresentação das declarações por ordem alfabética.
Cristina Harms Camacho – Coordenadora de Marketing
O Dia Internacional da Mulher é importante para pararmos e refletirmos sobre o nosso espaço na sociedade. Todos temos uma mulher, pelo menos uma, como nossa fonte de inspiração. Tive e tenho “muitas” que contribuíram na construção de mulher – como ser humano, antes de tudo – que sou hoje. Se pudesse voltar no tempo e conversar com a Cris de 10 anos atrás, diria para ela: siga firme, pois o caminho está certo, não se preocupe em agradar a todos, e pense nela, em primeiro lugar, pois não é egoísmo, mas um gesto de carinho consigo mesma. E as lições continuam: nem sempre vai dar conta de tudo e isso não significa fracasso, apenas que é humana. E, por último e não menos importante, nunca duvide nem deixe se convencer que você não vai conseguir. Feliz dia das mulheres – empoderadas, plenas e conscientes!
Elizangela Cristina das Neves – Gerente de vendas
Esse dia é muito importante, pois é uma comemoração de todos os direitos que as mulheres lutaram para ter durante muitos anos e conquistaram com muita garra e persistência. Nos beneficiamos com essas lutas, graças a elas, hoje podemos votar, trabalhar, ter salários iguais aos dos homens, cargos de chefia etc. Sem as lutas de mulheres que vieram antes de nós, não teríamos “voz na sociedade” e ainda seríamos donas de casa submissas e totalmente dependente dos homens.
Grace Oliveira – Vendedora
O 8 de março é uma data especial, pois marca o poder da mulher e sua liberdade, ao longo dos anos. Nós, mulheres, conseguimos conquistar importantes avanços rumo a nossa liberdade em relação a uma sociedade que tenta nos tornar inferiores. Mas somos grandes. Somos independentes e empoderadas. Trabalhamos. Criamos nossos filhos. Estudamos. Muitas vezes sozinha, sem auxílio de marido ou de outras pessoas. Ao mesmo tempo, também temos consciência de que há ainda muito o que conquistar e quebrar preconceitos. Estamos firmes para mostrar que não podem existir diferenças e desigualdades de oportunidades entre homens e mulheres no trabalho e na sociedade. Toda mulher merece ser respeitada e admirada, porque uma mulher sempre traz uma história de superação. Somos todas guerreiras!
Joice Aparecida Ferreira Brito – Operadora de trançadeira júnior
Entendo que o 8 de março é um dia especial para que as mulheres parem e reflitam sobre as suas lutas e conquistas, principalmente por igualdade e respeito ao longo da história. Por outro lado, as mulheres, por tanto que já fizeram e fazem, merecem mais que um dia, merecem todos os dias de respeito, reconhecimento e igualdade.
Patrícia Jacinto da Silva – Auxiliar de produção no setor de Montagem
A data é fundamental para despertar atenção ao dia a dia da mulher. Entendo o 8 de março como uma contribuição para mostrar a nossa vida, o que enfrentamos e o quanto ainda precisamos avançar em termos de igualdade, direitos e segurança. O Dia Internacional da Mulher é um momento para refletir sobre o que já conquistamos e o quanto precisamos avançar.
Tem empresas que seguem diferenciando o salário de homens e mulheres, mesmo se exercendo a mesma função e com igual competência. Na Datalink, felizmente, não é assim. Somos valorizadas.
Outra questão importante é que não temos o direito pleno de “ir e vir”. Não temos segurança de voltarmos para casa sozinhas um pouco mais tarde, seja do trabalho, da escola ou de outro lugar, sem correr o risco de uma violência sexual, como o estupro. Uma violência que também pode estar dentro de casa.
Gostaria de falar um pouco de uma situação em que me incluo, que é a da mãe solo. Precisamos reunir todas as forças que temos, e que não temos, para educar e criar sozinhas os nossos filhos. Por isso, a igualdade no trabalho é fundamental, porque o salário a mais pode ajudar essa mãe no sustento de seus filhos, e sem a pressão de que o dinheiro não vai dar.
O Dia Internacional da Mulher, para além dos presentes que possam ser dados para celebrar a data, deve ser entendido como um “portal” para se criar solidariedade e consciência de que a mulher merece respeito, e não é um ser inferior. Nesse dia é bom falarmos e compartilharmos experiências, histórias e desejos.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável |
O ODS 5 é destaca a importância de “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”, para tanto relaciona ações, como as que se seguem: |
5.1 Acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte. |
5.2 Eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de outros tipos. |
5.3 Eliminar todas as práticas nocivas, como os casamentos prematuros, forçados e de crianças e mutilações genitais femininas. |
5.4 Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, bem como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família, conforme os contextos nacionais. |
5.5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública. |
5.6 Assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos, como acordado em conformidade com o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e com a Plataforma de Ação de Pequim e os documentos resultantes de suas conferências de revisão. |
5.a Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais. |
5.b Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres. |
5.c Adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis. |
Fonte: ONU Brasil
Como nasce a data
Apesar do 8 de março ter sido oficializado como o Dia Internacional da Mulher, em 1977, pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data foi uma construção de ações concretas de mulheres trabalhadoras já a partir do fim do século XIX e início do XX. As bandeiras eram por melhores condições e direitos no trabalho e pela participação política e pelo direito ao voto.
Uma dessas lutas ocorreu, em 1908, quando mais de dez mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York, nos Estados Unidos, exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto. Tem lugar de destaque, na constituição da data, a professora e jornalista alemã Clara Zetkin (1857-1933), ativista incansável dos direitos da mulher trabalhadora.
A data também é lembrada por outros eventos, como o incêndio na fábrica de roupas Triangle Shirtwaist, em Nova York, em 1911. Uma tragédia que desnudou as terríveis condições de trabalho a que as mulheres eram submetidas. O mais mortal acidente industrial da cidade de Nova York matou 146 pessoas: 123 mulheres e 23 homens.
As chances de escapar do fogo eram mínimas, pois as saídas da fábrica eram trancadas para impedir a saída para pausas durante a jornada. A repercussão da tragédia revelou as péssimas condições de trabalho das vítimas: cargas horárias que chegavam a mais de 16 horas diárias, salários baixos e locais insalubres.
Outro episódio fundamental foi a greve de mulheres russas, em 1917, por “pão e paz”. Aproximadamente 90 mil mulheres russas – entre operárias e esposas de soldados – manifestaram-se em São Petersburgo contra o czar Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a participação do país na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Após quatro dias de manifestações, o czar foi forçado a abdicar, e o governo provisório concedeu às mulheres o direito ao voto.
Fontes consultadas
Aventuras na História. Pão e paz: o protesto feminino que aterrorizou o czar Nicolau II. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/historia-pao-e-paz-o-protesto-feminino-que-aterrorizou-o-czar-nicolau-ii.phtml?utm_source=site&utm_medium=txt&utm_campaign=copypaste
Biblioteca do Cetens da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. 08 de março – Dia Internacional das Mulheres. Disponível em: https://ufrb.edu.br/bibliotecacetens/noticias/267-08-de-marco-dia-internacional-das-mulheres#
ONU Mulheres. Dia Internacional da Mulher. Disponível em: https://www.onumulheres.org.br/noticias/dia-internacional-das-mulheres/
ONU Brasil. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/5
Reportagem necessária e com informações preciosas! Que dia 08 de março seja lembrado como um dia histórico e de luta para todas nós.